A agência do Banco do Brasil de Canaã dos Carajás foi assaltada por volta das 11h30 da última terça-feira (6) por oito assaltantes fortemente armados com armas de grosso calibre.
A quadrilha chegou ao banco num Fiat Uno prata, placa OCB 3474 (Fortaleza-CE). Quem estava nos arredores e dentro da agência foram tomados como reféns. Cerca de 50 pessoas foram obrigadas a fazer escudo humano do lado de fora para proteger a quadrilha de eventuais disparos feitos pela polícia.
Enquanto parte do bando estava no meio da Avenida Weyne Cavalcante, centro comercial, a outra estava dentro da agência, recolhendo todo o dinheiro. Os bandidos disparavam o tempo todo, deixando a agência destruída, além de uma loja de bijuterias localizada ao lado do banco. O assalto durou cerca de 20 minutos. De acordo com informações não oficiais, o bando levou cerca de R$ 2 milhões.
Informações dão conta que duas pessoas foram levadas como reféns, sendo a gerente do banco, de prenome Karina, e outro funcionário que ainda não teve seu nome revelado. O vigilante foi obrigado a tirar a roupa, ficando só de cueca. Os funcionários, ainda assustados, não quiseram gravar entrevista.
No interior da agência, um funcionário com escoriações na cabeça andava de um lado para o outro desnorteado. Na porta do banco, após o assalto, pessoas reencontravam seus familiares emocionados. A aposentada Maria Luiza, 60 anos, ia ser levada como refém pelos bandidos, mas passou mal e acabou sendo deixada na agência. Em estado de choque, a aposentada não conseguiu dar maiores detalhes sobre o momento difícil que viveu. Ela foi amparada pelo filho, que soube do assalto e foi para as proximidades do banco esperar tudo acabar, na esperança de encontrar a mãe com vida. Ela disse apenas que nasceu de novo e chorou nos braços do filho.
Populares invadiram o banco em busca de dinheiro que pudesse ter ficado para trás. No desespero, um senhor machucou um dos pés, tentando visualizar se havia notas por baixo dos caixas. Enquanto isso ocorria, os bandidos fugiam pela estrada que liga Canaã à Vila Jussara, uma estrada de chão em péssimas condições de trafegabilidade. Antes de sair da cidade, o bando ainda fez vários disparos pelas ruas de Canaã.
Depois de cerca de 20 minutos, a polícia apareceu no banco e foi vaiada pela população. A cena do crime já havia sido totalmente alterada, mas os policiais insistiam em dizer que não era para tocar em nada, para não alterar a cena.
Algumas pessoas abriram o carro em que os bandidos chegaram, encontraram um capuz de um dos meliantes e posavam para fotografias com ele. As cápsulas das balas encontradas na porta da agência também foram levadas por populares.
FUGA
Os bandidos fugiram levando os dois funcionários do banco e um veículo Pólo de um dos funcionários, carro este que estava conduzindo parte do dinheiro roubado. A cerca de 10 quilômetros de Canaã, a quadrilha liberou os reféns, atravessou o veículo em cima de uma ponte e ateou fogo nele. A polícia chegou em seguida, mas não pôde fazer muita coisa, pois precisaram esperar as chamas baixarem para seguir atrás do bando.
À reportagem, o comandante do destacamento da Polícia Militar em Canaã dos Carajás, capitão Robson, explicou que o contingente é composto por um efetivo de 18 policiais na cidade, e a demora em chegar até o local do assalto foi proposital, “para preservar a vida dos reféns que se encontravam em poder dos bandidos”.
Mesmo assim, capitão Robson assegura que a polícia ficou à distância acompanhando a movimentação dos assaltantes, até o momento da fuga. Segundo informação da polícia, após tocar fogo no veículo e libertar os reféns, os bandidos fugiram em dois carros, um deles em direção à Vila Nova Canadá e outro na direção à localidade de Sapucaia.
Na perseguição aos assaltantes, de acordo com o comandante, a polícia chegou a trocar tiros com os meliantes, mas estes conseguiram escapar do cerco em direção ao Estado do Tocantins.
Com relação aos seguidos assaltos ocorridos em várias lojas da cidade, logo após o ataque ao banco, à tarde, capitão Robson explica que não pôde fazer muita coisa para conter os assaltantes e colocá-los na cadeia, por falta de viatura, que acabara de “pregar”, e também pelo reduzindo número de policiais, em torno de quatro, uma vez que os demais se encontravam na operação de perseguição aos assaltantes do banco.
O apoio de outras guarnições policiais da região só chegou a Canaã dos Carajás em meados da tarde, por meio do Grupo Tático de Parauapebas e do COE de Marabá.
O comerciante José Faustino Santos, proprietário de um estabelecimento na cidade, lamentou a onda de violência que vem ocorrendo em Canaã dos Carajás, mas mesmo assim ele resistiu e não fechou a loja, quando várias delas foram assaltadas.
Ele lembra que no último dia 29/11 bandidos fortemente armados explodiram os dois caixas eletrônicos do posto avançado do Bradesco, em Canaã dos Carajás.
Para José Santos, o contingente policial que dá hoje segurança à população, em torno de 35 mil habitantes, é o mesmo de dez anos atrás, quando a cidade contava com apenas 6 mil habitantes.
Por sua vez, o bombeiro civil Josué Sales de Oliveira, disse que a esposa dele, Maria da Conceição Evaristo Mendes, momento antes dos assaltos às lojas teve uma motocicleta modelo Bis assaltada por bandidos, que passaram a usar o veículo nos assaltos e depois abandonaram a moto na periferia de Canaã. (Vela Preta/Waldyr Silva, com informações de Domingos Cardoso)
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