terça-feira, 21 de agosto de 2012

Polícia prende acusados de ato de vandalismo em Serra Pelada








Até o final da tarde de ontem (20), uma força tarefa executada pelas polícias Civil e Militar em Serra Pelada já havia colocado atrás das grades, em Curionópolis, oito homens acusados de promover atos de vandalismo contra o patrimônio de uma empresa que presta serviço para a mineradora Vale no distrito de Serra Pelada e também contra duas viaturas da Polícia Militar. O vandalismo ocorreu no início da noite do último sábado (18),
Por enquanto, os acusados engaiolados no xadrez de Curionópolis são os indivíduos Ismael Alves da Cruz (26 anos), Renato Alves da Silva (18 anos), Wanderson Moraes Barbosa (22 anos), João Carlos Lima da Silva (30), Marco Maciel Lima da Silva (18 anos), Davi Monteiro Amorim (26 anos) e Kleber Barreto da Silva (46 anos), além do advogado Rodrigo Maia Ribeiro, que se encontra detido na cadeia de Parauapebas, e dois adolescentes, que foram encami-nhados para o Ministério Público do Estado.
Segundo informou o delegado Antonio Miranda, os presos foram autuados em flagrante delito por formação de quadrilha, dano ao patrimônio público e privado e incitação ao crime. Por motivo de segurança, os acusados devem ser transferidos para Marabá. O delegado assegura que as investigações continuam em Serra Pelada, com o objetivo de prender outras pessoas envolvidas no crime.
DEPREDAÇÃO
O ato de vandalismo no canteiro da empresa que presta serviço para a Vale no projeto de ferro Serra Leste, em Serra Pelada, ocorreu depois que a polícia teve que usar a força com armas não letais, como bala de festim, spray de pimenta e gás lacrimogêneo, contra manifestantes que desde quinta-feira (16) mantinham a estrada de acesso à vila de Serra Pelada interditada.
Segundo a polícia, no momento do desinterdito da estrada duas viaturas da PM foram atingidas por pedras arremessadas pelos manifestantes, provocando avarias na lataria e nos vidros das portas traseiras dos dois veículos.
Após a ação da polícia, por volta das 16 horas de sábado, pondo fim ao bloqueio da estrada, os manifestantes deixaram o local do protesto, localizado a sete quilômetros do cento do povoado, e no início da noite ocorreu quebra-quebra no pátio da empresa.
De acordo com a polícia, os vândalos atearam fogo e danificaram máquinas pesadas, caminhão, automóveis, escritório, telefone público e surrupiaram notebook, monitores, impressoras, no-break e outros tipos de material eletrônico.
Não satisfeitos, os manifestantes saquearam as dependências do Sindicato dos Garimpeiros, retirando do interior do imóvel uma grande quantidade de documentos o jogando no meio da rua.
PRISÕES
O primeiro a ser preso, por volta das 11h30 de domingo (19), foi o advogado Rodrigo Maia Ribeiro. Na sequência, a polícia foi chegando aos outros acusados, até localizar vários objetos roubados do acampamento da empresa enterrados num buraco que estava coberto por folha de palmeira.
Até as 13h40, mais de dez pessoas acusadas, entre adultos e menores de idade, já estavam em poder da polícia, que por volta das 14 horas transferiu o bando para a Delegacia de Polícia Civil, em Curionópolis, com exceção do advogado, que foi conduzido para Parauapebas.
O superintendente regional de Polícia Civil do Sudeste do Pará, delegado Alberto Teixeira, se deslocou de Marabá para acompanhar o caso em Serra Pelada.
DESBLOQUEIO
À reportagem, o major PM Sérgio Pastana informou que antes da ação de desobstrução da estrada a polícia tentou várias negociações de desbloqueio da pista, mas os manifestantes teriam se mostrado irredutíveis, “e aí tivemos que desobstruir com a ação de efeito moral, sem uso de armamento letal”, explica o oficial, admitindo ser possível que algumas pessoas possam ter saído feridas, mas sem gravidade.
O major acrescenta que os populares, depois que investiram com pedras sobre as duas viaturas da PM, horas depois ameaçaram, inclusive, atacar o destacamento da Polícia Militar, mas foram impedidos.
COMUNIDADE
A reportagem ouviu algumas pessoas que estavam participando da interdição da estrada de acesso à vila. O morador João Sales, conhecido por “João 10”, exibiu o braço direito com uma atadura à altura do cotovelo, afirmando que fora atingido “por uma bala de verdade” disparada pela Polícia Militar.
“Os homens chegaram arrebentando todo mundo, e dizendo que iam me quebrar, e dispararam contra mim, mas acertaram só o braço”, denuncia “João 10”, afirmando que é um cidadão que estava cobrando benefício para a comunidade do distrito.
Por sua vez, a dona de casa Denise Maria dos Santos informou que no momento da desobstrução do bloqueio uma filha dela e outras pessoas tiveram os pneus das motos furados pelos policiais, e por isso elas tiveram que voltar para casa empurrando as motos num percurso de sete quilômetros. “Isso não um papel de polícia, pois até milha filha levou um tapa de um policial”, protesta.
Outra que reclamou da ação dos policiais foi Elizângela Monteiro, esposa do advogado Rodrigo Ribeiro, afirmando que o esposo dela estava apenas defendendo os manifestantes, mas, para surpresa dela, ele foi preso, acusado de ser o mentor intelectual do quebra-quebra no pátio da empresa.
NOTA DA VALE
Em nota distribuída à imprensa, a Vale informa que respeita o direito de livres manifestações, mas repudia atos violentos que coloquem em risco a integridade de seus trabalhadores e das suas instalações, assim como repudia qualquer situação que comprometa o direito soberano e constitucional de ir e vir, inerente a todos os cidadãos. “Reiteramos a nossa confiança nas autoridades para restabelecer a normalidade de nossas operações”, finaliza. (Vela Preta/Waldyr Silva)

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