quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Polícia Civil desarticula sequestro de filho de empresário e taxista



A Polícia Civil apresentou nesta terça-feira (25), na Delegacia Geral, em Belém, seis pessoas presas por envolvimento no sequestro do filho de um empresário e de um taxista, que foram libertados do cati-veiro na noite de segunda-feira, na cidade de Santa Izabel do Pará.
Foram apreendidos com os presos 22 quilos de “pedra” de cocaína, roupas camufladas, luvas, cartuchos e três armas de fogo, tipo cartu-cheira. Dois integrantes do bando reagiram a tiros, no momento da ação policial, foram baleados e morreram enquanto eram socorridos. O esquema foi coordenado por um presidiário do Complexo Peni-tenciário de Americano.
O desfecho do crime ocorreu graças ao trabalho de 32 policiais civis que atuaram nas investigações, desde o último dia 17, quando o jo-vem de 15 anos foi sequestrado, junto com o taxista, no Centro de Belém, no momento em que era levado para casa após sair da escola.
Estiveram na entrevista coletiva o delegado geral Nilton Atayde, o delegado-geral adjunto Rilmar Firmino, o secretário adjunto de Inte-ligência e Análises Criminais, Antônio Farias; os diretores de Polícia Especializada, João Bosco Rodrigues; do Interior, Sílvio Maués, e de Inteligência, Cláudio Galeno; e os delegados Ivanildo Santos, Hennison Jacob e André Costa, da Divisão de Repressão ao Crime Organizado (DRCO), que estiveram à frente das investigações, além de outros policiais civis também envolvidos no acompanhamento do sequestro.
O delegado Ivanildo Santos, diretor da DRCO, apresentou o histó-rico da ocorrência. Segundo ele, desde o momento em que a Polícia Civil tomou conhecimento dos fatos passou a investigar o crime. As investigações tiveram início em menos de meia hora após o início do sequestro. Durante os sete dias de cativeiro, os policiais identifi-caram os integrantes do bando e localizaram o cativeiro. “Uma parte do bando é do Pará e outra é envolvida com facções criminosas de São Paulo”, afirmou Ivanildo...
Durante o sequestro, os criminosos estiveram em três locais diferen-tes. Inicialmente, em Ananindeua, e depois na mata em Santa Izabel do Pará. E, por fim, em uma chácara, situada em um ramal a 500 metros da BR-316, perto da estrada de acesso à Vila de Americano.

Mesmo sem o consentimento da família, que estava sendo ameaçada pelos bandidos a não comunicar a polícia dos fatos, a ação do bando foi acompanhada pelos policiais, até o aguardo do melhor momento para abordar o local do cativeiro e para resguardar a integridade das vítimas. Durante o sequestro, os bandidos fizeram três contatos com a família. No primeiro, os bandidos colocaram o jovem em contato com o pai e exigiram R$ 3 milhões de resgate. Na última quarta-feira, o valor foi diminuído para R$ 500 mil, devido à dificuldade da família em levantar o valor inicial por causa da greve nacional dos bancários.
Ainda de acordo com o delegado, a ação do bando foi bem articulada, sendo possível perceber a atividade empresarial da quadrilha, que envolvia ainda o tráfico interestadual de drogas. Segundo explicou o delegado-geral adjunto, o dinheiro que os bandidos pretendiam obter no sequestro seria investido no pagamento da droga fornecida a mando do presidiário Israel Gama Soares, de apelido “Molequinho”, preso no Complexo Penitenciário de Americano, em cumprimento de pena pelos crimes de assaltos a carro-forte, à instituição bancária e por latrocínio.
O entorpecente seria, depois de pago, levado para São Paulo por dois integrantes do bando, identificados como Marcelo e Tiago, apontados como membros da facção criminosa conhecida como “PCC” (Primeiro Comando da Capital), com base na capital paulista. Conforme Ivanildo, Israel é considerado o braço-forte, no Pará, das facções criminosas de fora do estado. Com uso de telefone celular, ele fazia a articulação com integrantes do bando, de dentro da casa penal.
Durante a coletiva, o delegado apresentou vídeo do momento da abordagem policial ao cativeiro e áudios dos diálogos entre os criminosos e o pai do adolescente. “Logo que soubemos do crime, agimos tecnicamente, para não expor a riscos a vida das pessoas”, ressaltou o policial civil. No momento da entrada na casa, havia quatro sequestradores. Armas e as drogas estavam no local. Do lado de fora, houve troca de tiros com dois dos quatro bandidos. Marcelo e Tiago, que receberam os policiais a tiros, foram baleados e morreram enquanto eram socorridos pelos policiais.
As vítimas eram mantidas em um banheiro, com os olhos vendados e com mordaças no corpo. Em um dos momentos no cativeiro, o taxista chegou a ser agredido fisicamente pelos sequestradores por ter levantado a venda dos olhos. Além de Israel, foi preso Carlos Maciel Pereira da Silva, que é foragido da Justiça por assalto e tráfico de drogas. Ele era responsável pela distribuição da cocaína, cuja parte foi apreendida no cativeiro. Outro preso é Ricardo Anderson Souza Silva, caseiro da chácara usada no sequestro. Ele participou do crime arrumando o local de cativeiro e ficando de guarda na área.
Raimundo Santos, outro preso, já tem passagem pela polícia por envolvimento no assalto a um carro-forte na estrada da Alça Viária. O outro acusado é Nelson Roberto Nascimento Negrão, que, durante o sequestro, esteve em Marabá, onde tentou cometer um assalto, mas não deu certo. Ele também chegou a ser contratado, por R$ 3 mil, para executar uma pessoa, no Conjunto Marex, no Bairro de Val-de-Cães, em Belém. A companheira de Nelson, Renata Cavaleiro de Macedo, também foi presa. Os policiais identificaram que o aparelho celular dela foi usado para manter contato com a família.
Na avaliação do delegado Nilton Atayde, essa foi mais uma mostra de que a Polícia Civil está preparada para atuar em situações complexas, como casos de extorsão mediante sequestro e que vai continuar a agir para desarticular ações do crime organizado no Pará. (Agência Pará)

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