Integrantes do movimento social que invadiram a fazenda Itacaiúnas, em Marabá, e representante da empresa dona das terras entraram em acordo na manhã desta terça-feira (10). O diálogo foi intermediado pelo delegado Victor Leal, titular da Delegacia Especializada em Conflitos Agrários (Deca), no sudeste paraense.
Cerca de 150 manifestantes permanecem acampados na entrada, sem, no entanto, impedir o ir e vir de pessoas no local. Os manifestantes se comprometeram com o delegado Victor Leal a não avançar para a sede da fazenda, fato presenciado pelo gerente da propriedade.
O secretário adjunto de Gestão Operacional da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), coronel da Polícia Militar Mário Solano, ficou de ir a Marabá, a fim de avaliar pessoalmente a situação. Se for o caso, a Polícia Militar poderá tomar outras medidas para a resolução do ocorrido, da melhor maneira possível e em conformidade com as exigências legais.
O acordo começou a se desenhar quando uma equipe de policiais da Deca esteve na fazenda para averiguar a denúncia – feita por funcionários do Grupo Agropecuário Santa Bárbara, dono da fazenda –, sobre possível cárcere privado. As vítimas seriam os funcionários da propriedade, enquanto os autores do suposto crime seriam clientes da reforma agrária que ali estariam ocupando a propriedade rural.
Segundo o delegado Victor Leal, os integrantes do movimento social já estão instalados nas proximidades da fazenda Itacaiúnas há cerca de dois anos. Eles afirmaram que o embargo dos Títulos da Dívida Agrária (TDAs) por parte do jurídico da empresa os motivou a manter a ocupação na porteira da propriedade.
A liderança do acampamento, que tem como bandeira a Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetagri), afirma que a ocupação é pacífica. O objetivo seria chamar a atenção do Poder Judiciário para agilizar o processo que está em trâmite.
“Segundo representantes do movimento social, a porteira da fazenda estava fechada por medida de segurança e por controle dos próprios integrantes da reforma agrária. Diante da situação especificada, foi deliberada a possibilidade da porteira a partir daquele momento manter-se aberta, o que foi consentido pelo movimento social que ali está instalado”, conta o delegado.
Ainda segundo Victor Leal, o gerente da fazenda cedeu, conforme contaram os ocupantes, um gado para ser abatido e alimentar a população pleiteante. Após a conversa preliminar com os ocupantes da fazenda, policiais civis se deslocaram até a sede da propriedade rural para conversar com o gerente da fazenda e demais funcionários.
No local, o gerente afirmou que, apesar de não ter ocorrido nenhum fato preocupante, cometido pelos acampados, ele estava receoso com a situação deles. Além disso, os funcionários estavam temerosos em continuar as atividades de rotina. Os policiais informaram ao gerente que a partir daquele momento a porteira da fazenda Itacaiúnas permaneceria aberta para o livre trânsito, e que os funcionários poderiam voltar às funções.
O gerente da fazenda foi convidado a ir até o local da ocupação para conversar com os acampados, que se comprometeram a deixar a porteira da fazenda aberta durante o dia e fechada durante a noite, por motivo de segurança.
“Posteriormente, houve o compromisso da liderança da ocupação em não progredir mais para o interior da fazenda, até que a decisão da Justiça Federal seja divulgada. Ao final, houve a concordância de ambas as partes, permanecendo efetivo o processo de continuidade de pacificação do campo pela polícia especializada”, concluiu o delegado Victor Leal. (Fonte: Polícia Civil)
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