Polícia captura um dos oito detentos que fugiram da cadeia em Parauapebas

A polícia capturou, na madrugada desta sexta-feira (6), no Bairro Altamira, Parauapebas, escondido na residência da sogra, o fugitivo Rodrigo Silva Rocha (foto), acusado de tráfico de droga. Na madrugada da última quarta-feira (4), ele fugiu da carceragem do Bairro Rio Verde, na companhia de mais sete detentos.

Na manhã de hoje (sexta-feira), após prestar depoimento na Delegacia de Polícia Civil, Rodrigo Rocha justificou à reportagem que a fuga foi idealizada porque eles não aguentam mais a superloção da carceragem, e também por causa das doenças que os presos estão sofrendo. “Ali tem gente com tuberculose, furúnculo e outras doenças”, denuncia.

Segundo ainda o detento, por causa da superlotação do presídio, muitos presos dormem nos banheiros das celas ou se revezam, e aqueles que vão chegando nem dormem, “porque os antigos não deixam”.

Rodrigo Rocha alerta que os presos estão ameaçando realizar uma rebelião, com quebra-quebra e até matança de colegas de cela, “pra ver se sobra espaço para os que ficarem vivos”.

O preso diz que a cela que ele estava quando fugiu tem capacidade para cinco pessoas, mas tinha 31 detentos. “Estou preso há quatro meses e nunca fui ouvido pela Justiça. Tenho filha pra criar, minha mulher passando necessidade e, aproveitando a oportunidade, aproveitei para fugir”.

Penitenciárias interditadas

Procurada para falar sobre o assunto, a diretora da Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado do Pará (Susipe) em Parauapebas, Nilcélia de Souza Silva, explica que a superlotação de presos em Parauapebas vem ocorrendo porque as penitenciárias regionais de Marabá, Tucuruí e Redenção se encontram interditadas. Por isso, elas não vêm recebendo presos de Justiça de outros municípios.

Segundo ainda a servidora pública, com esta situação, a Justiça autorizou a remoção de dezenas de detentos para Belém, mas até agora eles não foram transferidos por falta de apoio da Polícia Militar, que conta com contingente bastante reduzido em Parauapebas.

Indagada sobre a denúncia de Rodrigo Rocha, de que a cela onde ele se encontrava tinha espaço para cinco pessoas, mas no dia da fuga havia 31 detentos, Nilcélia Silva informa que a referida cela tem capacidade para abrigar 30 internos e na fuga contava com 84 custodiados. “A carceragem do Rio Verde tem capacidade para 60 presos, mas hoje ela conta com 179 detentos distribuídos nas três celas”, revela Nilcélia Silva, adicionando que só este ano a Justiça local já emitiu 267 alvarás de soltura.

Com relação à denúncia de haver muitos presidiários doentes, a diretora assegura que em todas as sextas-feiras cerca de 30 presos são examinados por médicos e enfermeiras oriundos do hospital municipal de Parauapebas.

Culpa é do estado

De Belém, por telefone, o juiz Líbio de Araújo Moura, diretor do Fórum e titular da 3ª Vara Penal em Parauapebas, explicou à reportagem na manhã desta sexta-feira (6) que o problema de superlotação carcerária no município é do governo estadual, já que existe uma ação que tramita na 4ª Vara da Comarca de Parauapebas sobre a necessidade da construção de uma nova cadeia, cujas obras já estão em andamento, e nela está estabelecida uma espécie de “suspiro” para que a cada noventa presos se fizesse a transferência do excedente para estabelecimentos com capacidade de recebê-los.

O magistrado confirma que as transferências de presos de justiça estão sendo determinadas, mas não estão sendo cumpridas pelo estado. “Só este ano já foram expedidos mais de duzentos alvarás de soltura”, revela. (Vela Preta/Waldyr Silva)