terça-feira, 5 de março de 2013

Depois de enterrar a esposa, viúvo sepulta também o filho


O bebê de Maria Elitânia Conceição de Sousa, 27 anos, que morreu após passar por uma cirurgia cesariana no último dia 27, também perdeu a vida no início da madrugada desta segunda-feira (4). Ele estava internado na UTI neonatal do Hospital Regional do Sudeste do Pará, em Marabá, desde o nascimento.

Os familiares de Maria acusam a equipe que atendeu a mulher no Hospital Materno Infantil de ser negligente com o parto e com o pós-operatório. Segundo informações do marido dela, José Raimundo Marques, 35 anos, a vítima deu entrada no hospital por volta das 6h40, já com a bolsa estourada, mas só entrou na cirurgia depois das 16 horas.

Familiares afirmam ainda que ouviram nos corredores do hospital que faltava material cirúrgico para a cesariana. Além disso, após o nascimento da criança, Maria permaneceu passando mal por bastante tempo sem receber atendimento. José Raimundo diz que os enfermeiros afirmavam que as reações de palidez e dor eram normais por causa da anestesia. Ao anoitecer, Maria teve uma convulsão e morreu de hemorragia interna.

A criança foi velada durante o dia de ontem (4) no mesmo local que a mãe, em um templo da Igreja Assembleia de Deus, no Bairro Liberdade, e sepultada na mesma tarde. O marido de Maria e pai da criança, que foi registrada como Gean Gustavo, mesmo após a morte, registrou boletim de ocorrência na 21ª Seccional Urbana de Polícia Civil com o delegado plantonista Rayrton Carneiro.

O delegado informou por telefone que nesta terça-feira (5) inicia o levantamento de quem precisa ser ouvido, entre familiares e equipe médica, para depois fazer as intimações e marcar as audiências. Além disso, a Reportagem apurou que o laudo da morte da mãe já foi confeccionado pelo Instituto Médico Legal (IML) e deverá chegar às mãos da autoridade policial ainda nesta semana.

O pai da criança informou durante o velório do filho que está juntando documentação, como o laudo médico e registro do bebê, para procurar novamente a delegacia e registrar outro boletim de ocorrência, desta vez acerca da morte do filho. Ele informou, ainda, que o médico responsável por cuidar da criança na UTI neonatal confirmou que o parto demorou para acontecer e isso prejudicou o bebê.

“O médico não quis se meter no assunto do outro [que fez o parto]. Então, ele me disse que o bebê realmente passou da hora de nascer, mas sem dar muitos detalhes”, explicou José, acrescentando que vai até as últimas circunstâncias para entender o que aconteceu com a mulher e o filho. “Vou procurar a Justiça para ver qual foi o motivo dessa menina morrer. O médico durante esse tempo não saiu pra se defender, não saiu pra falar nada na Imprensa e isso nos dá mais certeza de que realmente houve erro. A gente não teve explicação nenhuma”, finalizou. (Luciana Marschall)

Nenhum comentário:

Postar um comentário