Deve ser recambiado nos próximos dias para o Pará
José Carlos Anjos dos Santos, de 38 anos, que assassinou a pauladas, na última
segunda-feira (29), dois enteados, de nove e 12 anos de idade, em Curionópolis,
e deixou gravemente feridas outra enteada, de seis anos, e a companheira dele,
Adriana Matos Alves, de 28 anos, com quem ele vivia há quatro anos.
José Carlos se entregou à polícia, por volta de 18
horas da última quinta-feira (1º), na cidade de Mongaguá, na região litorânea
de São Paulo.
Segundo o delegado Thiago Carneiro, responsável
pelas investigações, como o crime foi de grande comoção, pela brutalidade que
chocou a sociedade local, José Carlos não será recambiado para Curionópolis e
nem para Parauapebas, mas, para Belém.
"Estamos discutindo isso, porque não há como
trazê-lo para cá [Curionópolis] e nem para Parauapebas, porque não temos como
garantir a segurança, já que agora ele está sob a responsabilidade do estado",
explica o delegado.
Thiago Carneiro, que vem respondendo interinamente
pela Delegacia de Curionópolis, informou durante coletiva com a imprensa, na
manhã desta sexta-feira (2), que a polícia tinha rastreado todos os passos do
acusado e já sabia que ele estava em São Paulo.
"Se ele não se entregasse, era questão de tempo
prendê-lo", observa o delegado, destacando que José Carlos já estava com a
prisão preventiva decretada pela Justiça.
De acordo ainda com a autoridade policial, José
Carlos, que ficou conhecido como "Monstro de Curionópolis”, aparentemente
premeditou o crime, pois, após cometer a carnificina, fugiu para Marabá, onde
pegou um voo para São Paulo, indo se homiziar em casas de parentes.
O delegado destaca que no levantamento feito até
agora não consta que o acusado já tenha passagens pela polícia, uma vez que uma
das informações levantadas durante as investigações era que José Carlos tinha
um homicídio na ficha dele, tendo assassinado o próprio irmão. “Isso não foi comprovado,
mas vamos refazer esses levantamentos, pode haver porque falhas no sistema,
para sabermos realmente quem é José Carlos”, observa o delegado, informado que
foi levantado que o acusado é natural do Estado de Sergipe, de uma cidade
chamada Maruim.
Thiago Carneiro reforça que tão logo ele chegue a
solo paraense será interrogado para que diga o que motivou o crime bárbaro que
cometeu. "Vamos ouvi-lo, para fechar o inquérito, e encaminhá-lo à
Justiça, ressalta.
Comemoração
Assim que a notícia da prisão de José Carlos foi confirmada,
parentes, amigos e populares revoltados com o crime saíram às ruas de
Curionópolis para comemorar e gritar por justiça.
O crime causou grande comoção na cidade e muita
gente se uniu à família das vítimas na luta por justiça. Cada informação sobre
o paradeiro do "Monstro de Curionópolis" era checada e a confirmação
da prisão dele no início da tarde de quinta-feira foi bastante comemorada, mas
para os parentes e amigos esse é apenas um passo dado. Eles esperam que o
acusado seja condenado e passe longos anos preso.
As outras duas vítimas de José Carlos continuam
internadas no Hospital Regional de Marabá. Segundo parentes, Adriana iria ter
alta da UTI na sexta-feira e a criança, de seis anos, também já estaria bem
melhor e pode deixar a Unidade de Terapia Intensiva nos próximos dias.
Guarda
dos filhos
Ainda visivelmente abatido, com semblante cansado,
de quem pouco tem dormido, Maxione Silva Souza diz que já pensava em pedir a
guarda dos filhos, porque o filho do meio, Carlos Alexandre, de nove anos,
morto por José Carlos, já havia lhe contado que vinha sofrendo agressões
físicas do padrasto.
"Eu já pensava em pedir a guarda dos meus
filhos à Justiça, porque a mãe deles não queria deixá-los comigo. Nunca deixei
faltar nada para eles, pagava a pensão e ajudava no que era preciso",
ressalta Maxione Souza, acrescentando que ficou sem chão quando soube o que havia
acontecido com as crianças e só acreditou quando foi até a casa onde eles
moravam com mãe e o padrasto e viu a cena macabra.
Sobre a prisão do
acusado, Maxione Souza diz que isso não vai trazer a vida dos filhos dele de
volta, mas o criminoso vai pagar pela maldade que fez. "Quero que ele
sinta a dor que meus filhos sentiram. Ele vai sofrer por cada lágrima derramada”,
afirma Maxione, dizendo que José Carlos não é um homem, "é um bandido, um
monstro". (Tina Santos / Waldyr Silva)