A Polícia Militar apreendeu na manhã desta
sexta-feira (26), em Curionópolis, um arsenal de mais de 30 armas de diversos
modelos, várias cabeças de onças, carcaça de jacaré, pássaros silvestres, motores
de motocicleta e uma porção de maconha.
Júlio César, de 54 anos, e Francisco Evangelista, 69
anos, foram presos e uma mulher foi conduzida para prestar esclarecimentos na
20ª Seccional Urbana de Polícia Civil, em Parauapebas.
Pelos crimes de porte ilegal de arma, inclusive de
uso restrito, abate de animais ameaçados de extinção e protegidos por lei, captura
de animais silvestres e tráfico de droga, os acusados podem pegar mais de 15
anos de prisão.
Segundo o tenente PM Faustino, a operação foi
resultado de um trabalho do serviço de inteligência da corporação, que vinha
investigando o derrame de arma de fogo em Curionópolis.
A operação foi montada com base nas informações
colhidas, com apoio de homens da Polícia Rodoviária Estadual (PRE), Grupamento
Tático Operacional (GTO) e outras guarnições do 23º Batalhão da Polícia
Militar.
As armas de diversos calibres foram encontradas numa
casa localizada na Rua Bahia, em Curionópolis, como 12, 16 e 32, e de uso
restrito da polícia e forças armadas, como 9 milímetros e 7,62, além de farta munição
dessas armas e até de fuzil AK 47, usado pelo Exército da Rússia, e muitas cápsulas
de pólvora.
Ao verificar outros cômodos da casa, os policiais
encontraram um freezer abarrotado de cabeças de onças pintadas e pardas, patas
dos animais, ossada de cabeça de jacaré e de onça e diversos pássaros da fauna
brasileira protegidos por lei, e ainda motores de motocicleta e certa
quantidade em maconha.
Perguntado sobre a possibilidade de os acusados estarem
usando as armas para outros tipos de delito, o tenente respondeu que isso ainda
vai ser apurado, porque as investigações terão continuidade. "As investigações
vão apontar se eles utilizavam as armas só para caçar ou para a prática de
outros crimes”, ressalta o tenente Faustino.
Na delegacia, a princípio, os acusados se negaram a
falar com a imprensa, mas depois declararam que são ferreiros e trabalham em
consertos de armas na cidade, porém, sem autorização para o ofício.
Francisco Evangelista afirmou que é aposentado como
agricultor e trabalha na manutenção das armas para completar o orçamento
doméstico. Ele nega que tenha qualquer participação no abate e captura de animais.
Já Júlio Cesar assumiu que os animais eram dele, mas
não quis falar se foi ele quem abateu ou de quem teria adquirido. Afirmou
apenas que já fazia algum tempo que as cabeças, patas e rabos das onças estavam
no freezer e que pretendia secá-los para serem usados como troféus. Quanto aos pássaros,
disse que apenas criava e que nunca comercializou aves. A declaração dos
acusados, no entanto, não convenceu a polícia, que acredita que ambos estão
envolvidos no esquema de abate de animais.
A crueldade contra os animais chocou policiais e muitas
pessoas que foram até a delegacia para verem os restos dos animais. O
sentimento geral era de revolta. Os dois acusados ficaram em sala reservada,
para evitar que fossem agredidos pela população. (Vela Preta/Tina Santos/Waldyr Silva)